logo burning flame
homeBooksAuthorsTopicsLearnContact
logo burning flame
Sexta-feira da Quinta Semana depois da Páscoa

Felicidade de quem se conforma com a vontade de Deus

From book "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Acquiesce igitur ei, et habeto pacem, et per haec ...


Image for Meditações para todos os dias
Meditações para todos os dias

Saint Alphonsus

Acquiesce igitur ei, et habeto pacem, et per haec habebis fructus optimos – “Submete-te, pois, a Ele, e terás paz; e assim colherás excelentes frutos” (Jó 22, 21)

Sumário. Uma alma não pode ter maior satisfação do que vendo todos os seus desejos cumpridos. Ora, quem não quer senão o que Deus quer, vê realizados todos os seus desejos, pois que tudo acontece por vontade de Deus. Eis aqui portanto o grande meio para sermos sempre felizes mesmo neste mundo: entreguemo-nos inteiramente e para sempre à vontade divina e imaginemos que o Senhor diz a cada um de nós o que disse a Santa Catarina de Sena: Pensa tu em mim, e eu pensarei em ti.

I. Quem se conserva unido à vontade de Deus, goza, mesmo neste mundo, uma paz inalterável: Non contristabit iustum quidquid ei acciderit (1) – “Não entristecerá ao justo coisa alguma que lhe acontecer” . Com efeito, a maior satisfação que uma alma pode gozar, é ver todos os seus desejos cumpridos. Ora, quem deseja só o que Deus quer, tem tudo que quer, porque tudo acontece por vontade de Deus. Faça frio ou calor, caia chuva ou sopre vento, o que vive em união com a vontade de Deus, diz sempre: Quero este frio, este calor, etc., porque Deus o quer assim. Aconteça-lhe um revés, uma perseguição, venha-lhe a enfermidade ou a morte, ele dirá sempre: Quero ser pobre, perseguido, doente, quero mesmo morrer, porque é esta a vontade de Deus.

O que descansa na vontade divina e se compraz em tudo quanto faz o Senhor, é como se estivesse acima das nuvens: vê a seus pés a tempestade enfurecida, sem se deixar perturbar por ela. Tal é a paz, que, segundo o Apóstolo, está acima de todo o entendimento, exsuperat omnem sensum (2) ; que é superior a todas as delícias do mundo: paz constante, que não sofre nenhuma vicissitude. – Homo sanctus in sapientia manet, sicut sol; stultus sicut luna mutatur (3) . O insensato (isto é, o pecador) é inconstante como a luz, que ora cresce, ora diminui. Hoje estará rindo, amanhã chorando; hoje de bom humor e todo manso, amanhã triste e furioso; numa palavra, varia conforme o bom ou mau estado de seus negócios. Mas o justo é como o sol, sempre uniformemente tranquilo, aconteça o que lhe acontecer; porque a sua paz consiste em conformar-se com a vontade de Deus, que não quer senão o nosso bem, ainda quando nos manda cruzes e nos castiga.

É verdade que na parte sensitiva não deixará de sentir nas contrariedades alguma pena e tristeza; mas na parte superior sempre reinará a paz, que lhe servirá para sofrer tudo com resignação. Numa palavra: assim como a madeira indicada pelo Senhor a Moisés mudava as águas amargosas em doces, assim a vontade de Deus torna doces todas as tribulações. Santa Maria Magdalena de Pazzi, só ao ouvir falar na vontade de Deus, ficava arrebata em êxtases, e dirigindo-se às suas religiosas dizia:

“Não sentis quanta doçura encerra esta palavra: vontade de Deus?”

II. Se nós também quisermos ser felizes, entreguemo-nos sempre e em tudo nas mãos de Deus, que é tão solícito do nosso bem e nos ama a ponto de não poupar o próprio Filho, mas de entrega-Lo à morte da cruz para a salvação de todos (4). Tanto mais que a vontade de Deus há de se fazer necessariamente, e os insensatos que Lhe querem resistir, carregarão a cruz, talvez mais pesada, mas sem fruto e sem paz: Voluntati eius quis resistet? (5) – “Quem resistirá à vontade de Deus?” – Repito-o: entreguemo-nos a Deus, e imaginemos que e o Senhor nos diz o que disse a Santa Catarina de Sena:

“Pensa em mim, e eu pensarei em ti.”

Cuidemos, além disso, em nos familiarizarmos com algumas passagens da Escritura, que nos podem ajudar a viver sempre unidos à vontade de Deus. Dilectus meus mihi, et ego illi (6) – O meu amado pensa em meu bem, e eu não quero pensar senão em agradar-Lhe e em unir-me sempre com a sua santa vontade. Domine, quid me vis facere? (7) – Senhor, dizei-me o que quereis que faça? Quero fazer tudo o que Vos agradar. Ecce ancilla Domini (8) – Eis-me aqui ; a minha alma é vossa escrava; mandai e sereis obedecido. Tuus sum ego, salvum me fac (9) – Salvai-me, Senhor, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade; sou vosso e não meu. – Quando nos sobrevier alguma dificuldade mais grave, digamos logo: Ita, Pater, quoniam sic fuit placitum ante te (10) – Meu Deus, assim Vos agradou, assim seja feito.

Sobretudo seja-nos cara a terceira petição do Pai Nosso: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu (11). Digamo-la a miúdo com afeto, e repitamo-la muitas vezes. Felizes de nós, se vivermos e morrermos dizendo: Fiat, fiat voluntas tua! – “Faça-se, sim, faça-se a vossa vontade!”

– Ó meu Jesus, é o que proponho fazer em todo o resto de minha vida; Vós, porém, ajudai-me a ser-Vos fiel. – Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe Maria, a vós também peço esta mesma graça.

Referências:

(1) Pv 12, 21 (2) Fl 4, 7 (3) Eclo 27, 12 (4) Rm 8, 32 (5) Rm 9, 19 (6) Ct 2, 16 (7) At 9, 6 (8) Lc 1, 38 (9) Sl 118, 94 (10) Mt 11, 26 (11) Mt 6, 10

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 85-88)

Topics in this meditation:

God's will
Suggest a Topic

Enjoyed your reading? Share with a friend...

previous

A Santa Missa é um meio seguro para obter as misericórdias divinas

Quinta-feira da Quinta Semana depois da Páscoa