Motivos que temos de honrar a São José
From book "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Constituit eum dominum domus suae, et principem om...
Constituit eum dominum domus suae, et principem omnis possessionis suae – “Constituiu-o senhor de sua casa, e príncipe de tudo que possuía” (Sl 104, 21)
Sumário. Tomemos a São José por nosso protetor especial e não nos esqueçamos de honrá-lo cada dia e de nos recomendar a ele. Honrando ao santo Patriarca, imitaremos os exemplos de Jesus e Maria, que foram os primeiros a honrarem-no sobre esta terra. Além disso, pelo intermédio do Santo obteremos os favores mais assinalados, porquanto a experiência demonstra que São José obtém de Deus para seus devotos tudo que quer e os socorre em suas necessidades. .
I. O exemplo de Jesus Cristo, que nesta terra quis honrar tão grandemente a São José, era bastante para inspirar a todos uma grande devoção a este preclaro Santo. Desde que o Pai Eterno designou São José para fazer as suas vezes juntos de Jesus, Jesus sempre o considerou e o respeitou como pai, obedecendo-lhe pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos: Et erat subditus illis (1) — E lhes estava sujeito . O que quer dizer que em toda aquela série de anos a única ocupação do Redentor foi obedecer a Maria e a José.
A José competia em todo aquele tempo exercer o ofício de governar, como cabeça que era da pequena família; a Jesus, como súdito, o ofício de obedecer. De sorte que Jesus não dava um passo, não praticava coisa alguma, não tomava alimento, não ia repousar, senão segundo as ordens de São José. Punha a mais atenciosa diligência em escutar e executar tudo o que lhe era imposto. — “ O meu Filho ”, assim revelou o Senhor a Santa Brígida, “ era tão obediente, que quando José dizia: Faze isto, ou faze aquilo, logo o executava.” E Gerson acrescenta que em Nazaré “Jesus muitas vezes preparava a comida, buscava água, lavava a vasilha, mesmo varria a casa ”.
Esta humilde obediência de Jesus ensina-nos que a dignidade de São José é superior à de todos os Santos, exceção feita da divina Mãe. Pelo que um douto autor escreve com razão: “ É justíssimo que seja muito honrado pelos homens aquele que de tal maneira foi elevado pelo Rei dos reis. ” (2) — Jesus mesmo recomendou a Santa Margarida de Cortona que fosse particularmente devota de São José, por ser ele quem o alimentou em sua vida: “ Eu quero ”, disse-lhe (e imaginemos que nos diz o mesmo), “ que cada dia pratiques algum obséquio especial a meu amantíssimo pai nutrício, São José. ”
II. Para compreendermos as grandes mercês que São José faz aos seus devotos, basta referir o que a este respeito diz Santa Teresa:
“ Não me lembro (é a Santa quem fala) de lhe ter pedido alguma coisa sem que ma tenha obtido. Causaria assombro se eu enumerasse todas as graças que o Senhor me concedeu por intermédio deste Santo, e todos os perigos, tanto para o corpo como para a alma, dos quais me livrou. Aos demais Santos parece que o Senhor lhes deu o serem protetores numa só necessidade particular; a experiência, porém, faz ver que São José é protetor universal. Parece que Jesus nos quer dar a entender que, assim como ele na terra se submeteu voluntariamente a São José, também no céu faz tudo que o Santo lhe pede. O mesmo conheceram também outras pessoas, às quais aconselhei que se lhe recomendassem.
“Quisera persuadir a todos (continua a Santa) a serem devotos deste Santo, pela experiência adquirida dos grandes favores que ele obtém de Deus. Não conheço pessoa que honrando-o de uma maneira particular, não se visse progredir muito na virtude. Desde muitos anos lhe peço na sua festa uma graça especial e sempre a tenho conseguido. A quem não me quiser crer, peço pelo amor de Deus que faça a experiência. ”
“ Tomemos pois ”, exorta-nos Gerson, “ tomemos São José por nosso especial protetor e poderoso intercessor ”, e não deixemos de nos recomendar-lhe cada dia e várias vezes por dia. Multipliquemos as nossas orações nestes dias de sua festa, pratiquemos em sua honra alguma mortificação e digamos muitas vezes:
† “Lembrai-vos, ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó doce Protetor meu São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa proteção, e implorado o vosso socorro, e não fosse por vós consolado. Com esta confiança, venho à vossa presença, a vós fervorosamente me recomendo. Ah! Não desprezeis a minha súplica, pai putativo do Redentor, mas dignai-vos de a acolher piedosamente. Assim seja.” (3)
Referências:
(1) Lc 2, 51 (2) Card. Camer. (3) Indulg. de 300 dias.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 39-42)
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