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Sábado da Quarta Semana que sobrou depois da Epifania

Da confiança no patrocínio de Maria Santíssima

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Qui me invenerit, inveniet vitam, et hauriet salut...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Qui me invenerit, inveniet vitam, et hauriet salutem a Domino – “Aquele que me achar, achará a vida, e terá do Senhor a salvação” (Pv 8, 35)

Sumário. Quantas graças devemos dar à bondade divina por nos ter dado Maria por advogada! Ela é tão poderosa, que os seus rogos são sempre atendidos. Ela é também tão piedosa, que não sabe negar o seu socorro a quem quer que a invoque. Mais, nossa boa Mãe vai em busca dos miseráveis, a fim de os ajudar; pois mais desejo ela tem de nos fazer bem, que nós de o receber. Ai de nós, se nos viéssemos a perder! O patrocínio poderoso da Virgem seria no inferno um dos nossos tormentos mais graves, lembrando-nos que possuíamos um meio tão eficaz de salvação e não soubemos aproveitá-lo.

I. Meu irmão, quando nos sentirmos culpados perante a justiça divina e já como que condenados ao inferno por causa dos nossos pecados, não nos entreguemos à desesperação; recorramos a Maria, refugiemo-nos debaixo de seu manto, e ela nos salvará. Tomemos a resolução de mudarmos de vida; tenhamos boa vontade e grande confiança no patrocínio de Maria e seremos salvos, porquanto ela é uma advogada poderosa e uma advogada piedosa.

Maria é uma advogada poderosa, porque, na palavra de Santo Antônio, sendo ela Mãe de Deus, os seus pedidos são para Jesus Cristo como outras tantas ordens, e é impossível que não sejam deferidos. Nem é somente uma advogada poderosa, mas, como se exprime Ricardo de São Lourenço, toda-poderosa; pois que é justo que a Mãe participe do poder do Filho; que é todo poderoso por natureza, fez a Mãe toda-poderosa pela graça; quer dizer que obtém tudo o que pede. — Por isso, São Gregório de Nicomedia, dirigindo-se à Virgem, diz: Ó Mãe de Deus, vós sois invencível e nada pode resistir ao vosso poder: já que o Criador considera a vossa glória como se fosse a sua própria.

Maria é também uma advogada piedosa, de modo que não sabe recusar o seu patrocínio a quem quer que a ela recorra. Eis porque o Espírito Santo a compara à oliveira: Quasi oliva speciosa in campis (1) – “Qual oliveira especiosa nos campos” . Porque, assim como da oliveira não sai senão azeite, símbolo da piedade, assim as mãos de Maria não podem derramar senão graças e misericórdias, que ela dispensa a todos que se socorrem de seu patrocínio. Ela mesma vai à procura dos miseráveis, e mais desejo tem de nos fazer bem, do que nós de o receber. Quando São Boaventura contemplava em espírito à divina Mãe, parecia-lhe ver a própria misericórdia. Que graças não devemos, pois, render à bondade do nosso Deus, por nos ter dado uma advogada tão poderosa e piedosa!

II. Quando a divina Mãe apareceu um dia a Santa Brígida e lhe falou de sua misericórdia para com os pecadores, disse:

“É para lastimar, e sê-lo-á eternamente aquele que, podendo em vida recomendar-se a mim, que sou tão benigna, para sua desgraça não recorre a mim e se condena”

— Grande Deus! Se nos condenássemos, qual não seria a nossa pena no inferno, ao pensar que nos podíamos salvar tão facilmente, recorrendo a Maria, mas que não o fizemos e em toda a eternidade não o poderemos mais fazer? Para que não nos suceda tamanha desgraça, avivemos hoje a nossa devoção e coloquemo-nos novamente debaixo do patrocínio desta grande advogada.

Vejo, ó minha Mãe santíssima, as graças que me tendes alcançado e a ingratidão com que vos hei respondido. O ingrato é indigno de novos benefícios; contudo não perco por isso a confiança na vossa misericórdia. Ó minha poderosa Advogada, tende compaixão de mim. Vós sois a dispensadora de todas as graças que Deus nos concede, a nós, miseráveis; Ele vos fez tão poderosa, tão rica e tão piedosa, para que nos socorrais! Quero salvar-me. Nas vossas mãos entrego a minha salvação eterna, confio-vos o cuidado da minha alma. Quero ser inscrito no número dos vossos servos mais dedicados; não me repilais de vós. Andais à procura dos desgraçados para os socorrer; não abandoneis então um pobre pecador que a vós recorre.

Falai em meu favor; vosso Filho faz tudo o que Lhe pedis. Tomai-me sob a vossa proteção; porque, se vós me protegeis, não temo coisa alguma; não temo os meus pecados, porque me obtereis de Deus o perdão; não temo o demônio, porque sois mais poderosa do que todo o inferno; não temo enfim nem ao próprio Jesus, meu Juiz, porque basta uma oração vossa para aplacá-lo. Protegei-me, pois, ó minha Mãe, e alcançai-me o perdão dos meus pecados, o amor de Jesus, a santa perseverança, uma boa morte, e finalmente o paraíso. Verdade é que não mereço estas graças, mas, se as pedis para mim ao Senhor, ser-me-ão concedidas. Rogai, pois, a Jesus por mim. Ó Maria, minha Rainha, em vós confio, nesta esperança vivo, nela repouso, com ela desejo morrer. Amém.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 277-280)

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