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Segunda-feira da Décima Nona Semana depois de Pentecostes

Do negócio da eterna salvação

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Rogamos autem vos, fratres… ut vestrum negotium ag...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Rogamos autem vos, fratres… ut vestrum negotium agatis – “Nós vos rogamos, irmãos… que trateis de vosso negócio” (1 Ts 10-11)

Sumário. O negócio da nossa eterna salvação é para nós não só o negócio mais importante, mas o único que nos deva preocupar; porque, se o errarmos uma vez, está tudo perdido e perdido para sempre. Mas ó maravilha, todos os que possuem a fé reconhecem que é assim e, contudo, entre os cristãos são poucos os que tratam seriamente de um negócio tão importante. Ponhamos a mão na consciência e se por ventura sejamos do número desses descuidados, resolvamos emendar-nos depressa, custe o que custar.

I. O negócio da nossa salvação eterna não só é para nós o mais importante, mas o único que nos deve preocupar; porque, se o errarmos, está perdido tudo. O pensamento da eternidade bem meditado basta para fazer um santo. O servo de Deus P. Vicente Carafa dizia que, se todos os homens se lembrassem, com viva fé, da eternidade da vida futura, a terra se tornaria um deserto; pois que ninguém se ocuparia ainda com os negócios da vida presente.

Oh! Se todos tivessem sempre diante dos olhos a grande máxima ensinada por Jesus Cristo:

“De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” (1)

Foi esta a máxima que levou tantos homens a deixarem o mundo; tantas virgens nobres e até de sangue real, a se encerrarem num convento; tantos anacoretas a irem viver nos desertos; e tantos mártires a darem a vida pela fé. Lembravam-se de que, se perdessem a alma, todos os bens deste mundo de nada lhes poderiam servir na vida eterna. — Eis porque o Apóstolo escreveu a seus discípulos:

“Nós vos rogamos, meus irmãos…, que trateis de vosso negócio.” (2)

De que negócio é que falava o Apóstolo? Falava daquele negócio cuja perda acarreta a perda do reino eterno do paraíso e o ser lançado num abismo de tormentos que nunca jamais terão fim.

Tinha, pois, razão São Filipe Neri em chamar de loucos a todos aqueles que nesta vida só cuidam de riquezas e dignidades e pouco se importam com a salvação da alma. Todos eles, dizia o Bem aventurado João de Ávila, mereceriam ser encerrados num hospício de alienados: Como? (quis dizer o Bem-aventurado) Vós credes que há uma eternidade de penas para os que O ofendem; e apesar disso ainda o ofendeis?

II. Toda a perda de riquezas, de reputação de parentes, de saúde, mesmo da vida, é reparável; ao menos por uma boa morte e pela aquisição da vida eterna, como sucedeu aos santos mártires. Mas qual o bem deste mundo, qual a fortuna, seja embora a maior que se possa esperar nesta vida, que compensa a perda da alma? Quam dabit homo commutationem pro anima sua? (3) — “Que dará o homem em troca de sua alma?”

Quem morre na inimizade de Deus e perde a alma, perde ao mesmo tempo toda a esperança de reparar a sua ruína: Mortuo homine impio non erit ultra spes (4) — “Morto o homem ímpio, não resta mais esperança alguma” . Oh céus! Se o artigo da vida eterna não fosse senão uma simples opinião duvidosa dos doutores, deveríamos ainda fazer todo o empenho para nos assegurar a eternidade bem-aventurada e nos livrar da eternidade infeliz. Mas não; não é uma coisa duvidosa; é uma certeza, é um ponto de fé que uma ou outra nos caberá em sorte.

Mas, ó maravilha! Toda a pessoa que tem fé e medita nesta verdade, diz: Com efeito, é preciso cuidar na salvação da alma; e, contudo são poucos os que nisso cuidam deveras. Usa-se de toda prudência para ganhar tal demanda, obter tal posto, e põe-se de parte o negócio da salvação eterna, sem pensar, como diz Santo Euquério, que este erro é pior do que todos os outros; pois, perdida a alma, está perdida irremediavelmente. Utinam saperent et intelligerent, ac novissima providerent! (5) — “Oxalá que eles tivessem sabedoria e inteligência e previssem os fins” . Infelizes dos sábios que sabem muita coisa, mas não sabem cuidar da sua alma, para obterem uma sentença favorável no dia do juízo!

Ah, meu Redentor, derramastes o vosso sangue para adquirirdes a minha alma e eu tantas vezes a perdi e tornei a perdê-la! Agradeço-Vos o tempo que ainda me concedeis para a recuperar recuperando a vossa graça. Ó meu Deus, antes tivesse eu morrido e nunca Vos tivesse ofendido! Consola-me, porém, que não sabeis desprezar um coração humilhado e contrito que se arrepende de seus pecados. † Meu Jesus, misericórdia!

— Ó Maria, refúgio dos pecadores, socorrei um pecador que se recomenda a vós e tem confiança em vós.

Referências:

(1) Mt 16, 26 (2) 1 Ts 4, 11 (3) Mt 16, 26 (4) Pv 11, 7 (5) Dt 32, 29

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 136-139)

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