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1ª Sexta-feira de Agosto

O Coração de Jesus, modelo de Mansidão

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Discite a me, quia mitis… sum corde — “Aprendei de...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Discite a me, quia mitis… sum corde — “Aprendei de mim, que sou manso… de coração” (Mt 11, 29)

Sumário. Um dos caracteres mais atrativos e especiais do Coração de Jesus é a virtude da mansidão. O nosso divino Redentor foi chamado Cordeiro, não somente por causa do sacrifício da cruz, em que devia ser imolado, mas ainda por causa da mansidão que mostrou durante toda a sua vida e particularmente no tempo da sua dolorosa Paixão. Ó! Quanto agrada ao Coração de Jesus um coração manso, que sabe suportar as afrontas I As suas orações são sempre agradáveis a Deus.

I. Um dos caracteres mais atrativos e especiais do Coração de Jesus é a virtude da mansidão: Aprendei de mim, dizia ele, que sou manso e humilde de coração. O nosso divino Redentor foi chamado Cordeiro — Ecce Agnus Dei —, não somente por causa do sacrifício da cruz, em que devia ser imolado para expiar os nossos pecados, mais ainda por causa da mansidão que mostrou durante toda a sua vida, e particularmente no tempo da sua dolorosa Paixão.

Nescitis cuius spiritus estis (1)— “Não sabeis que espírito vos impele”

Tal foi a resposta do Salvador aos discípulos que lhe pediam castigasse os samaritanos, quando o expulsaram do país. Ah! Que espírito é este? Dizia-lhe. Não é o meu: o meu espírito é só mansidão e bondade. Eu não vim para perder, mas para salvar as almas; e vós quereis me obrigar a perdê-las? Calai-vos, não me façais mais tais pedidos, porque este não é o meu espírito.

Jesus praticou até a morte esta mesma doçura para com os pecadores; estando já sobre a cruz, quando os seus inimigos o acabrunhavam de ultrajes, ele não fazia senão rogar a seu Eterno Pai que lhes perdoasse. Ó! Quanto agrada ao Coração de Jesus um coração manso! Sim, ele ama os corações cheios de mansidão, que sabem suportar as afrontas, perseguições, calúnias, escárnios, e até as pancadas e feridas, sem se irritar contra aqueles que os ultrajam e ferem.

“As suas orações são sempre agradáveis a Deus” — Mansuetorum semi placuit deprecatiper tibo (2); isto é, são sempre atendidas. O paraíso é prometido especialmente àqueles que são mansos: Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra prometida do céu (3). Com efeito, a eles, e não aos homens soberbos, honrados e estimados do mundo, é reservada a posse do Reino eterno. Davi assegura que os que são mansos, não somente obterão a eternidade bem-aventurada, mas gozarão, ainda nesta vida, paz inalterável — Mansueti hereditabunt terram, et delectabuntur in multitudine pacis (4).

II. Meu irmão, nunca te entregues aos ímpetos da cólera; não abras jamais a esta violenta paixão, sob que pretexto for, a porta do teu coração; porque uma vez entrada, não está mais no teu poder expulsá-la nem moderá-la. Quando fores tentado pela cólera:

1.º Reprime-a logo pensando em outras coisas e guardando silêncio;

2.º À imitação dos apóstolos quando viram o mar agitado pela tempestade, recorre a Deus, a quem pertence pacificar os corações;

3.º Procura praticar atos de humildade e doçura para com a pessoa contra a qual te sentes irritado. Ó! Quanto este procedimento agradará ao Coração mansíssimo de Jesus!

Amadíssimo Salvador meu, Vós levastes com tanta doçura as ignomínias e as dores da vossa Paixão; e eu, por um nada, tantas vezes voltei-Vos as costas! Agradeço-Vos me terdes esperado até o presente : se eu tivesse morrido nesta desgraça, não poderia mais Vos amar: já que o posso ainda, quero amar-Vos de toda a minha alma. Ó Coração mansíssimo de Jesus, acolhei-me agora que me torno para Vós, arrependido dos desgostos que Vos tenho dado: não me rejeiteis. Ah! Pois que me tendes deixado correr após os meus próprios desejos quando desprezava o vosso amor, posso temer que me não aceiteis, quando o vosso amor é o objeto de todos os meus desejos?

Ó Amor de minha alma, estou resolvido de agora em diante a não Vos causar mais desgosto algum, e fazer tudo o que de mim exigirdes: a vossa vontade será o meu único amor. Quero Vos amar verdadeiramente: abraçarei então todas as tribulações que me enviardes. Puni-me durante esta vida, a fim de que possa Vos amar eternamente. Meu Deus, dai-me a força de Vos ser fiel. Maria, minha terna Mãe, recomendai-me a Jesus; não cesseis de rogar-lhe por mim.

Referências: (1) Lc 9, 55. (2) Jud 9, 16. (3) Mt 5, 4. (4) Sl 36, 11.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 398-400)

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