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Segunda Meditação para Domingo da Duodécima Semana depois de Pentecostes

O surdo-mudo e as confissões sacrilegas

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Sumário. O surdo-mudo de quem fala o Evangelho é u...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Sumário. O surdo-mudo de quem fala o Evangelho é uma imagem daqueles pecadores que por vergonha calam os pecados na confissão e agravam a alma com sacrilégios horrorosos. Meu irmão, se, por desgraça fores do número daqueles infelizes, pede a Jesus Cristo que renove em ti o milagre; e que, para te levar a desatar a língua, te abra primeiro os ouvidos , afim de que compreendas as ilusões do demônio. Reflete que, enquanto estás meditando, tantas pobres almas estão ardendo no inferno, por terem, como tu, calado os pecados na confissão.

I. O surdo-mudo de quem fala o Evangelho, é uma imagem daqueles pecadores que por vergonha calam os pecados na confissão e agravam a alma com sacrilégios horrorosos. Para curar semelhantes infelizes e induzi-los a fazerem uma confissão sincera, é necessário que Jesus Cristo, como fez com o surdo-mudo, os tire à parte de entre a multidão de tantos pensamentos mundanos, e que, antes de lhe desatar a língua, lhes abra os ouvidos , afim de que compreendam bem as ilusões do demônio.

Representemo-nos uma pessoa que, cega por alguma paixão, caiu em um falta grave. Afim de que ela não procure recuperar a graça de Deus, o demônio restitui-lhe o pejo, que primeiro lhe tirou para pecar, e diz: “Que dirá o teu confessor, quando ouvir a tua queda? De certo, sabendo a tua fraqueza, t’a lançará em rosto e se irritará” . – Eis aí a primeira ilusão do demônio; eis aí como o lobo infernal agarra as ovelhas de Jesus Cristo pelo pescoço, para que não possam gritar por socorro.

Responde: Dirá que sou um infeliz, como são quantos vivem neste mundo, e que estou exposto a cair; dirá que, se pratiquei o mal, fiz também uma ação gloriosa, vencendo a vergonha e confessando sinceramente o meu pecado.

– Para que insultos? Para que censuras? Dize antes, que com doçura te dará os conselhos que te convenham. Os confessores sentam-se no confessionário exatamente para este fim; não para ouvir êxtases e revelações, mas para ouvir os pecados daquele que vai confessar-se. A maior consolação que eles possam ter, é absolverem um penitente, que se acusa das suas culpas com sinceridade e verdadeira dor. – Se uma rainha fosse ferida mortalmente por um escravo, e tu a pudesses curar com um remédio, que consolação não teria em salvá-la da morte! Pois, uma consolação semelhante recebe o confessor que absolve uma alma caída em pecado. Aplicando-lhe o sangue de Jesus Cristo, qual balsamo salutar, livra-a da morte eterna, fal-a recuperar o direito de rainha do paraíso, e os merecimentos anteriormente adquiridos, mas perdidos pelo pecado.

Além disso, o confessor, fazendo a alma recuperar a graça divina, restitui-lhe também nesta terra a paz do coração, livrando-a de um inferno antecipado. Ó céus! Que inferno não está sentindo dentro de si a pessoa que sai do confessionário sem ter acusado seu pecado! Por toda parte leva consigo uma víbora, que continuamente lhe dilacera o coração.

II. Se eu acuso tal pecado, temo que se publique, que o confessor o descubra a outros… Numa palavra, tenho agora muita repugnância de me confessar, falo-ei mais tarde, na hora da morte. – Eis aqui outras ilusões do demônio; eis como o lobo infernal, tendo agarrado as ovelhas de Jesus Cristo pelo pescoço, aperta sempre mais os dentes, afim de que não possam chamar por socorro.

Respondo: A quantos confessores tens de confessar tua culpa? Basta dizê-la a um só sacerdote, uma só vez . Tu mesmo podes escolher o sacerdote, que por ventura nem te conhece ; e assim como escuta o teu pecado, escuta também muitos outros semelhantes de outras pessoas. – Nem há perigo que o confessor descubra a outros o teu pecado, visto que, ao sair do confessionário, não pode dele falar, nem mesmo contigo, sem cometer um delito muito grave. – Observa também que o sigilo da confissão é tão apertado, que, se o confessor, para não manifestar um só pecado venial ouvido na confissão, tivesse de ser queimado vivo, antes deve deixar-se queimar vivo do que manifestá-lo.

Depois, pode haver maior insensatez do que adiar a confissão e esperar até a hora da morte, como se esta não se pudesse colher de improviso? “ Se uma vez “, diz Santo Agostinho, “ porque não agora? “. Não vês, meu irmão, que quanto mais tardares em manifestar teu pecado, e quanto mais acumulares os sacrilégios, tanto mais aumentará a dificuldade, a vergonha e a obstinação em não te confessares? Oh! Quantas almas se habituaram a calar o pecado, dizendo: Acusá-lo-ei na hora da morte, e também, chegada que era a hora, o calaram, confessaram-se sacrilegamente, e agora choram no inferno! Quem garante que não te sucederá a mesma desgraça?

Deus onipotente e misericordioso, que pela abundância de vossa misericórdia excedeis os méritos e os desejos dos que Vos suplicam! Lançai um olhar piedoso sobre tantos infelizes pecadores. Vós, que restituístes o ouvido aos surdos e a fala aos mudos, dignai-Vos abrir-lhes os ouvidos e desatar-lhes a língua, a fim de que, compreendendo as ilusões do demônio, falem bem e confessem todos os seus pecados. “Derramai a vossa misericórdia também sobre mim; perdoai-me o que a consciência teme, e acrescente ao perdão o que por minhas orações não presumo alcançar. “(3)

– Doce Coração de Maria, sede minha salvação!

Tópicos nesta meditação:

ConfissãoPecado
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