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Terceiro domingo de Julho

Solenidade do Santíssimo Redentor

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Apud Dominum misericordia: et copiosa apud eum red...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Apud Dominum misericordia: et copiosa apud eum redemptio — “No Senhor está a misericórdia, e nele há copiosa redenção” (Pv 129, 7)

Sumário. Com muita razão compete a Jesus Cristo o título de Redentor dos homens, porque derramando o seu preciosíssimo Sangue, fez o que este nome significa. Quanto às almas, Ele as remiu da escravidão do demônio e santificando-as pela sua graça, fê-las filhas de Deus e herdeiras do céu. Quanto aos corpos, alimentando-os na presente vida com a santíssima Eucaristia, quer glorificá-los na outra, fazendo-os ressuscitar semelhantes ao seu próprio corpo. E, apesar disso, os homens pensam tão pouco em pagar a Jesus amor por amor! Ao contrário, retribuem-lhe o amor com a mais negra ingratidão!

I. É com razão que se dá a Jesus Cristo o título de Redentor dos homens, porque fez tudo o que este belo nome significa. Primeiro, quanto às almas, Jesus nos remiu da escravidão de Lúcifer e das penas do inferno, apagando com o seu divino sangue o pecado original. E depois, pela instituição do sacramento da Penitência, preparou-nos deste mesmo sangue um banho salutar, no qual pudéssemos lavar-nos das nossas culpas cada vez que tivéssemos recaído.

Adornando as nossas almas com a graça santificante, Jesus as elevou à dignidade altíssima de amigas, esposas, filhas de Deus, e por conseguinte, de herdeiras felizes da glória celeste. Habilitou-nos ainda a aumentarmos mais e mais esta graça e glória pelo uso dos sacramentos e de todos os outros meios que são copiosíssimos na Igreja católica. Quanto ao corpo, em vez do fruto da árvore da vida e da ciência, que teríamos comido, se tivéssemos conservado a justiça original, Jesus Cristo nos deu para comer o Pão dos Anjos, isto é, a Santíssima Eucaristia.

Se Jesus não nos quis isentar da morte, foi para nos tornar mais semelhantes a si próprio, visto que quis morrer pelo nosso amor, e também, como observa Santo Agostinho, para não nos deixar perder o mérito da fé e da esperança na ressurreição futura: duas virtudes mais estimáveis do que a prerrogativa da imortalidade. Numa palavra, são tais e tantos os bens que o segundo Adão nos trouxe pela Redenção, que excedem de muito os males que nos foram causados pelo primeiro: No Senhor há copiosa redenção. Quem, pois, deixará de amá-lo?

II. Cresce a nossa obrigação de amar Jesus Cristo, se atentarmos no que ele pagou para efetuar a nossa Redenção. Não é coisa que custe a um rei, por ocasião de algum grande acontecimento, conceder uma anistia geral e mandar que se abram todas as cadeias. Mas, se aquele rei tivesse de saldar à sua própria custa todas as dívidas de seus vassalos; se tivesse de sofrer pessoalmente todos os castigos dos delinquentes, ó, de certo não quereria comprar por tão alto preço a fama de bom príncipe e a fama de libertador dos homens.

Para nos resgatar, porém, Jesus submeteu-se de livre vontade ao decreto de seu Pai e tomou sobre si todos os nossos males para nos comunicar os seus próprios bens: Vere languores nostros ipse tulit, et dolores nostros ipse portavit (1)— “Ele tomou verdadeiramente sobre si as nossas fraquezas e ele mesmo carregou com as nossas dores”. E, não obstante isso, os homens pensam tão pouco em pagar a um Deus tão amante amor por amor! Retribuem-lhe muitas vezes o amor com a mais negra ingratidão.

Ah, meu amado Redentor Jesus, eu também sou um destes ingratos. Entre todos os homens me amastes com amor especial, favorecendo-me com tantas graças especiais, e mais do que os outros Vos desprezei. Mas não acontecerá mais assim; quero começar a amar-Vos deveras, e não amar senão a Vós, que sois digno de amor infinito. Não me repilais, como mereceria pelos meus pecados, já que Vos peço humildemente perdão. Amo-Vos, meu amabilíssimo Redentor, de todo o meu coração, e quero amar-Vos por todos aqueles que Vos não amam. Proponho fazer frequentes atos de amor, para reparar o tempo em que Vos ofendi, e protesto que quero morrer fazendo um ato de amor, para continuar a amar-Vos eternamente no céu. Assim desejo, assim Vos peço.

“Eterno Pai, que fizestes vosso Filho unigênito Redentor do mundo e por seu intermédio, vencida a morte, nos revocastes misericordiosamente à vida, concedei-me propício que, lembrado sempre destes benefícios, Vos seja unido pela caridade perpétua e mereça participar dos frutos da mesma Redenção” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus e pelos merecimentos de Maria Santíssima.

Referências: (1) Is 53, 4. (2) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 359-361)

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