O Labirinto
Do livro "Breviário da Confiança por Monsenhor Ascânio Brandão"... As provações espirituais, preciosas, na verdade, p...
As provações espirituais, preciosas, na verdade, porém duras, Deus só as envia aos seus amigos prediletos. A santidade é o mais difícil e o mais penoso dos trabalhos. A vida contemplativa só é fecunda e bela porque se passa num verdadeiro calvário. Às alegrias sensíveis e consolações sem par dos primeiros dias de fervor, sucede-se uma aridez penosa. Meu coração é de gelo -- dizem as pobres almas -- sinto que não tenho amor a Jesus, perdi minha piedade, estou condenada! Que desolação! Vêm logo as alternativas de fervor e aridez. Nas consolações, no fervor sensível, compreende-se tudo, caminha-se com segurança, em pleno dia, à luz do sol radiante e belo. Depois, entra-se numa floresta espessa e já não se pode ver mais a estrada certa. É a desorientação. Nem a palavra do diretor espiritual já nos conforta. Uma desoladora confusão! Quer a pobre alma guiar-se, achar o caminho e, a cada passo, encontra uma dificuldade, um obstáculo, uma dúvida cruel, uma tentação. Verdadeiro labirinto! Que fazer? Nesse transe penoso da vida espiritual, só há um remédio: a confiança, até ao abandono, nas mãos de Deus. Fechai os olhos, almas piedosas, dai a mão a Jesus e deixai que Ele vos conduza para onde quiser. Esse "fechar os olhos" e esse "dar a mão a Jesus" são a confiança e o abandono. Não vos perturbeis. Se não conheceis o caminho, por que procurá-Io em vão? O Vosso Guia é seguro, mas é preciso que fecheis os olhos e Lhe deis a mão. O abandono e a confiança, entretanto, não excluem o esforço. Enganar-se-ia quem julgasse ser necessário apenas o gesto de abandonar-se e confiar em Nosso Senhor, sem mais. O abandono é o cume da Montanha do amor, dizia Mgr. Gay, e o amor se conquista na luta e no sacrifício.
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