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Alternativas

Dom Chautard descorre sobre 10 alternativas à meditação quando há a impossibilidade de se faze-la em um determinado dia no "A Alma de Todo Apostolado


  • Introdução

  • 1ª Maneira

  • 2ª Maneira

  • 3ª Maneira

  • 4ª Maneira

  • 5ª Maneira

  • 6ª Maneira

  • 7ª Maneira

  • 8ª Maneira

  • 9ª Maneira

  • 10ª Maneira

Introdução

A meditação é o braseiro onde se vai reavivar a guarda do coração.

Mediante a fidelidade a esta meditação, todos os demais exercícios de piedade serão vivificados. A alma irá pouco a pouco adquirindo a vigilância e o espírito de oração, isto é, o hábito de recorrer a Deus cada dia com maior frequência.

A união com Deus na meditação gerará uma união íntima com Ele, mesmo durante as ocupações mais absorventes.

Vivendo a alma assim unida a Nosso Senhor pela guarda do coração atrairá a si cada vez mais os dons do Espírito Santo e as virtudes infusas, e talvez Deus venha a chamá-la a grau mais elevado de oração.

O excelente volume: As Vias da Oração Mental de D. Vital Lehodey (editado por Lecoffre), precisa bem o que se requer para a ascensão da alma pelos diversos graus de oração, e dá as regras para discernir se uma oração superior é verdadeiramente dom de Deus ou fruto da ilusão.

Antes de falar da oração afetiva, primeiro grau das orações mais elevadas as quais Deus ordinariamente não chama senão as almas chegadas à guarda do coração mediante a meditação, o Pe. Rigoleuc, S. J., indica, no livro tão estimado das suas Obras espirituais, dez maneiras de falar com Deus, quando, após tentativa séria, alguém se encontra na impossibilidade moral de fazer a meditação sobre o assunto preparado de véspera.

Resumamos este piedoso autor:

1ª Maneira

Tomar um livro espiritual (Nôvo Testamento ou Imitação) - ler algumas linhas com intervalos - meditar um pouco no que se leu, procurar penetrar-lhe o sentido e gravá-lo no espírito. - Tirar daí qualquer afeto santo, amor ou penitência, etc., e propor praticar qualquer virtude que mais agrade.

Evitar ler muito ou o meditar muito. - Demorar-se em cada pausa, enquanto o espírito nela encontrar entretenimento agradável e útil.

2ª Maneira

Tomar qualquer expressão da Escritura Sagrada, ou qualquer oração vocal: Pater, Ave, Credo, por exemplo, pronunciá-la, demorar-se em cada palavra, tirar-se dela diversos sentimentos de piedade nos, quais se demore enquanto neles se achar gosto.

No fim, pedir a Deus alguma graça ou virtude, segundo o assunto meditado.

Não muito se demorar, com repugnância e enfado, numa palavra: quando nela ja não se encontrar com que deleitar-se, passe-se docemente a outra. - Quando se sentir tocado por algum sentimento bom, demorar-se enquanto ele dura, sem estar com desejo de passar adiante. Não é necessário fazer sempre atos novos, basta algumas vêzes conservar-se perante Deus ruminando em silêncio as palavras já meditadas, ou saboreando os sentimentos que elas produzirem no coração.

3ª Maneira

Quando o assunto preparado não fornece entretenimento suficiente, fazer atos de fé, adoração, ação de graças, esperança, amor, etc, dando-lhes a extensão que se quiser e demorando-se um pouco em cada um para o saborear.

4ª Maneira

Quando não mais se souber meditar nem produzir afetos (impotência e esterilidade), protestar perante Deus que se tem a intenção de fazer tantos atos de contrição, por exemplo, quantas vêzes se respirar, se fizerem passar as contas de terço entre os dedos ou se pronunciar qualquer oração curta.

Renovar de quando em quando este protesto. Se Deus der outro qualquer bom sentimento, recebê-lo com humildade e demorar-se nele.

5ª Maneira

Nas penas e nas securas, estando-se estéril e impotente para pensar ou operar, abandonar-se generosamente ao sofrimento sem se inquietar nem fazer esforço para sair dele, sem fazer outros atos senão este abandono de si mesmo nas mãos de Deus para sofrer essa provação e todas aquelas que a êle aprouverem.

Ou então unir a oração à agonia de nosso Senhor no Horto e ao seu desamparo na cruz. - Persuadir-se que nela se está cravado com o próprio Salvador e animar-se com o exemplo dele e lá se conservar e a sofrer constantemente até a morte.

6ª Maneira

Revista do próprio Interior. - Reconhecer as próprias faltas, paixões, fraquezas, enfermidades, impotências, misérias, nada. - Adorar os juízos de Deus acerca do estado em que a pessoa se encontra. - Submeter-se à sua santa vontade. - Bendizê-lo igualmente tanto pelos castigos da sua justiça como pelos favores da sua misericórdia. - Humilhar-se perante a sua suprema Majestade. - Confessar-lhe sinceramente as próprias infidelidades e pecados e pedir-Lhe perdão. - Retratar os próprios erros e juízos falsos. - Detestar todo o mal que se fez e propor corrigir se para o futuro.

Esta oração é sobremaneira livre e recebe toda sorte de afetos; Pode-se fazer em qualquer ocasião, sobretudo após um acidente inesperado para submeter aos castigos da justiça de Deus, ou após o embaraço da ação para voltar ao recolhimento.

7ª Maneira

Viva representação dos fins últimos. Considerar-se, na agonia entre o tempo e a eternidade - entre a vida passada e o julgamento de Deus. - Que quereria ter feito? - Como quereria ter vivido? Pena que se sentirá. - Recordar-se dos pecados, desregramentos, abuso das graças. - Como se quereria ter procedido em tal ou tal ocasião? - Propor remediar eficazmente o que causar motivos de temor.

Figurar-se - enterrado, em putrefação, esquecido de todos, - diante do tribunal de Jesus Cristo, - no purgatório, - no inferno.

Quanto mais viva for a representação, tanto mais proveitosa a meditação será.

É necessária esta morte mística para descarnar a alma e ressuscitá-la, isto é, libertar-se da corrupção do vício é preciso passar por este purgatório para se chegar ao gozo de Deus nesta vida.

8ª Maneira

Aplicação do Espírito a Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.

Saudar Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento com todo o respeito que a presença real exige, unir-se a êle e a todas as suas divinas operações na Eucaristia onde não cessa de adorar, louvar, amar a seu Pai em nome de todos os homens, e em estado de vítima.

Conceber o seu recolhimento, vida oculta, privação de tudo, obediência, humildade, etc. - Excitar-se à imitação dessas virtudes e propor faz nas ocasiões.

Oferecer Jesus Cristo ao Pai Eterno, como única vítima digna dêle e pela qual nós podemos render-lhe, homenagem, reconhecer os seus benefícios, satisfazer a sua justiça e obrigar a sua misericórdia a socorrer-nos.

Oferecer-se a si mesmo para lhe sacrificar o ser, vida, empregos. Apresentar-lhe um ato de virtude que se proponha fazer: qualquer mortificação que se esteja resolvido a praticar para se vencer; e isto pelos mesmos fins pelos quais nosso Senhor se imola no Santíssimo Sacramento. - Fazer esta oblação com desejo ardente de aumentar, tanto quanto se for capaz, a glória que Ele presta a seu Pai neste augusto mistério.

Terminar pela comunhão espiritual.

Meditação excelente - sobretudo pela visita ao Santíssimo Sacramento. Torná-la familiar, porque a nossa felicidade nesta vida depende da da nossa união à Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.

9ª Maneira

Faz-se em nome de Jesus Cristo. - Excita a nossa confiança em Deus e faz-nos entrar no espírito e nos sentimentos de Nosso Senhor.

Funda-se em nós sermos aliados do Filho de Deus, seus irmãos, membros do seu Corpo Místico, em ele nos ceder todos os seus méritos e nos legar todas as recompensas que seu Pai lhe deve pelo seus trabalhos e pela sua morte. É isto que nos torna capazes de honrar a Deus com culto digno de Deus e nos dá o direito de tratar com Deus e de exigir de alguma sorte as suas graças como por justiça. - Não temos esse direito como criaturas, menos ainda como pecadores, porque há desproporção infinita entre Deus e a criatura e oposição infinita entre Deus e o pecador. Mas na qualidade de aliados do Verbo Encarnado, de seus irmãos, de seus membros, podemos aparecer diante de Deus com confiança. Tratar familiarmente com êle e obrigá-lo a escutar-nos favoravelmente, a ouvir as nossas súplicas e a conceder-nos as suas graças, devido à aliança e a união que temos com seu Filho.

Portanto, aparecer perante Deus, ou para adorá-Lo, ou para amá-Lo, ou para o louvar por intermédio de Jesus Cristo, operando em nós como a Cabeça nos seus membros e elevando-nos pelo seu espírito a um estado todo divino: - ou para pedir qualquer favor em virtude dos méritos de seu Filho. E, com este fito, representar-lhe os serviços que esse seu muito amado Filho lhe prestou, a sua vida, a sua morte, os seus sofrimentos cuja recompensa só nos pertence pelo trespasse que ele dela nos fez.

Neste espírtto, recitar o oficio divino.

10ª Maneira

Simples atenção à presença de Deus e meditação.

Antes de se aplicar em meditar o assunto preparado, pôs-se na presença de Deus sem se ocupar em nenhum outro pensamento distinto, nem excitar outro sentimento senão o de respeito e de amor a Deus que a sua presença inspira. - Contentar-se com conservar-se assim diante de Deus em silêncio neste simples repouso de espírito, enquanto nêle se encontrar gosto. - Em seguida, meditar segundo a maneira ordinária.

Bom é começar assim tôdas as meditações, e útil o fazê-lo depois de cada ponto. - Repousar nosso espírito assim nesta simples atenção a Deus. - Assim se estabelece no recolhimento interior. - Acostuma-se a fixar o próprio espírito em Deus e prepara-se pouco a pouco para a contemplação. - Mas não se deve conservar assim por pura preguiça para não se ter o trabalho de meditar.