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Quarta-feira da Décima Semana depois de Pentecostes

Condições da oração

Do livro "Meditações de Santo Afonso de Ligório para cada dia do ano"... Petitis et non accipitis, eo quod male petatis – “...


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Meditações para todos os dias

Santo Afonso

Petitis et non accipitis, eo quod male petatis – “Pedis e não recebeis, porque pedis mal” (Tg 4, 3)

Sumário. Muitas pessoas rezam e não obtém nada, porque não pedem como convém. Para bem rezar é preciso, primeiro a humildade, porque Deus resiste aos soberbos. Em segundo lugar é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Mas, sobretudo, é necessária a perseverança, pois que, para nosso bem, Deus alguma vez demora em atender e quer ser vencido pela nossa importunação. Têm as tuas orações sempre estes três requisitos?

I. Muitas pessoas rezam e não obtém nada, porque não pedem como convém: Petitis et non accipitis, e o quod male petatis . Para bem rezar é preciso, em primeiro lugar, a humildade. Deus resiste aos soberbos e não lhes atende os pedidos; mas dá a sua graça aos humildes (2), e não deixa os seus pedidos sem os deferir.

“A oração do que se humilha, penetrará as nuvens e não se retirará enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos.” (3)

E isto acontece, ainda que a pessoa tenha sido anteriormente pecador, porquanto Deus não desprezará um coração contrito e humilhado (4).

Em segundo lugar, é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Nullus speravit in Domino et confusus est (5) – “Ninguém esperou no Senhor e ficou confundido” . Ensina-nos Jesus Cristo mesmo que, quando tenhamos alguma graça a pedir, não o chamemos com outro nome, além do de Pai: Pater noster , afim de que oremos com toda a confiança que é própria do filho para com o pai. O que pede com confiança obtém tudo. “ Eu vos digo ”, assim fala o Senhor, “ que todas as coisas que pedirdes orando, crede que as recebereis, e ela vos acudirão. ” (6)

E quem pode recear, pergunta Santo Agostinho, ser enganado no que foi prometido pela própria Verdade, que é Deus? A Escritura nos afiança que Deus não é como os homens, que prometem e depois faltam à palavra, ou porque mentem quando prometem, ou porque mudam de vontade. Dixit ergo, et non faciet? (7) Santo Agostinho ainda acrescenta: Se o Senhor não nos quisesse conceder as graças, para que nos havia de exortar continuamente a pedir-lhas? Prometendo, contraiu a obrigação de nos dar as graças que lhe suplicarmos. Promittendo, debitorem se fecit .

II. O que importa sobretudo, é ter perseverança na oração. Diz Cornélio a Lapide que o Senhor “quer que sejamos perseverantes na oração até a importunação. É o que significam os textos seguintes da Escritura: É preciso orar sempre (8); Vigiai sempre, orando (9); Orai sem cessar (10). É o que significam ainda estas repetições: Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei à porta e ela se vos abrirá (11). Bastava ter dito: pedi, petite ; mas o Senhor nos quis fazer compreender que devemos seguir o exemplo dos mendigos, que nunca deixam de pedir, de insistir e de bater à porta, enquanto não tenham recebido alguma esmola.

A perseverança final, especialmente, é uma graça que se não obtém sem oração contínua. Nós não podemos merecer a perseverança, mas merecemo-la de algum modo, diz Santo Agostinho, por meio das orações. Rezemos, pois, sempre, e não deixemos de rezar, se nos quisermos salvar. Os confessores e os pregadores nunca deixem de exortar à oração, se quiserem que as almas se salvem; porquanto o que reza certamente se salva, e o que não reza certamente se condena.

Meu Deus, tenho confiança de que já me perdoastes; mas meus inimigos não deixarão de me combater até à morte. Se não me socorrerdes, sucumbirei de novo. Suplico-Vos, pelos merecimentos de Jesus Cristo, que me concedais a santa perseverança. Não permitais que me afaste de Vós. Peço-Vos o mesmo favor para todos os que estão atualmente na vossa graça. Confiado em vossas promessas, estou certo de que me dareis a perseverança, se continuar a pedi-la. Receio, porém, que nas tentações deixe de recorrer a Vós, e assim torne a cair no pecado. Peço-Vos, pois, a graça de nunca deixar de rezar. – Fazei que nas ocasiões perigosas me recomende sempre a Vós e chame em meu auxílio os santíssimos Nomes de Jesus e Maria. É o que estou resolvido a fazer sempre, e espero fazê-lo pela vossa graça. Atendei-me pelo amor de Jesus Cristo. – Ó Maria, minha Mãe, fazei que nos perigos de perder o meu Deus sempre recorra a vós e a vosso Filho.

Referências:

(1) Sl 30, 6 (2) Tg 4, 6 (3) Eclo 35, 21 (4) Sl 50, 19 (5) Eclo 2, 11 (6) Mc 11, 24 (7) Nm 23, 19 (8) Lc 18, 1 (9) Lc 21, 36 (10) 1 Ts 5, 17 (11) Lc 11, 9

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 293-295)

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