Tormento do Infinito
Do livro "Breviário da Confiança por Monsenhor Ascânio Brandão"... Um ser é feliz quando tem aquilo para que foi feit...
Um ser é feliz quando tem aquilo para que foi feita a sua natureza. Ora, o homem foi criado por Deus e para Deus. Logo, o que lhe falta aqui é e será sempre... Deus. Sim, queira ou não, creia ou não creia, pense n'Ele ou d'Ele se esqueça, o homem precisa de Deus para ser feliz. E, quanto mais nobre é uma alma, mais vasto o coração e mais bela a inteligência, mais se faz sentir e atormenta essa necessidade imperiosa do Infinito, do Eterno, do Amor e da Verdade. "As almas fracas e pouco elevadas -- escreveu Lacordaire 1 -- acham na terra um elemento que basta à sua inteligência e sacia o seu amor. Não percebem elas o vácuo imenso das coisas visíveis, porque são incapazes de o sondar muito além. Porém, uma alma a quem Deus, na criação, fez mais aproximada do Infinito, sente, e bem depressa, o limite estreito que a encerra. Tem ela tristezas misteriosas, de que procura a causa e julga que um certo concurso de circunstâncias lhe perturba, talvez, a vida. Engana-se, porém. Essa perturbação vem de mais alto! É o tormento de Infinito, de que falava o poeta". 2 Compreendem os espíritos vulgares esse gênero de sofrimento? Os corações nobres não padecem só a imensa dor e a nostalgia penosa do Infinito. Um sofrimento ainda maior os atormenta: a incompreensão, a ignorância, a indiferença com que o mundo passa ao lado dessas dores secretas.
Notas de Rodapé:
Tópicos nesta meditação:
Gostou da leitura? Compartilhe com um amigo...